quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Pajada

Buenas, pessoal!
Desculpem-me a ousadia (e o pouco talento), mas aflorou uma veia poética em mim, neste dia de paz e sossego.

SEM FRONTEIRAS O VENTO, A NEVE E A GENTE

Existe um lugar na Terra
Solo sul-americano
Que, igual ao povo cigano
Nato encanto encerra
Da encosta da menor serra
Ao topo da Cordilheira
Tremule qualquer bandeira
De nações pequenas ou grandes
Pois para os ventos dos Andes
Não existe essa tal fronteira!

Cerro imenso americano
Recortado território andino
Quem o quis um dia argentino
De Peru, Chile, boliviano
De Equador ou colombiano
Fez pelejar irmão contra irmão
Fracionando esta vastidão
Mas nos montes colossais
Suas neves invernais
Ignoram demarcação.

Agora, nas rochas nuas
Acorrem gentes estranhas
Cavam as suas entranhas
Arrombando-as à força de puas
Expondo suas carnes cruas
Sempre atrás do vil metal
Desatentas a todo mal
Que lhama, guanaco, condor
Sofrem co’a morte, co’a dor
Tolo desprezo ao vital.

Sei que o homem é capaz
De abdicar desse ouro e cobre
Que só à beleza se dobre
E deixe os Andes em paz
Que na estrada o leva-e-traz
Seja do encanto da Cordilheira
Do rio, de sua corredeira...
Eis sua riqueza, o maior valor!
Um sonho, um pensar, um pendor
De gente também sem fronteira!
Bait'abraços a todos!