quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A maior pedalada até agora

Buenas, pessoal!
O título explica-se por si: tentando tirar um pouco do atraso de ontem, e aproveitando o tempo firme e com pouco vento, acordei cedo e pedalei 150km, de Los Conquistadores até Bovril, uma simpática cidadezinha de 10.000 habitantes, a 6km da Rodovia 147. Esse distanciamento da ruta garante vida pacata a seus moradores, gente hospitaleira, queridos uma barbaridade! No hotel Sayonara, quando os hóspedes e frequentadores do restaurante souberam que eu estava viajando de bicicleta, me fizeram mostrar todas as fotos e tentar, com meu portunhol horroroso, responder a alguma das suas incontáveis perguntas.
Quando, então, eles "disparavam", eu já vinha com a frase feita: "yo no hablo español, tiene que hablar despacio". Pronto! Santo remédio! Ô gringos que falam rápido, credo!
Nesta região da Argentina, a economia está praticamente toda ela relacionada à criação de gado. Há, às margens da rodovia, grandes mangueiras de confinamento, todas tapadas de gado "até os guardanapos"! Os remates também acontecem ali, e é muito interessante ver os "estacionamentos" de caminhonetes e caminhões boiadeiros, e aquela gente toda empoleirada nas cercas negociando. Eu, de butuca, parecendo um ET com aquele capacete de ciclismo, uma camiseta com o escrito nas costas "Vá de Bike", assistindo ao gritedo enquanto bebo uma água morna das caramanholas, eh, eh...
Uma situação inusitada: dois amigos passaram por mim, no início da tarde, de carro, indo para a cidade de Federal (de onde eu vinha). À tardinha, retornando, passaram por mim novamente, já perto de Bovril. Quando me viram entrar no trevo de acesso à cidade, ficaram me esperando, e atacaram-me para indicar o Hotel, perguntar-me se eu era certo da cabeça, e tirar fotos. Vou ficar famoso!
O sinal da internet está sendo compartilhado por outros hóspedes, e talvez por causa disso não consiga adicionar fotos. Isso tem lógica? Algum nerd poderia me explicar (o Marlon, por exemplo, rsrs...).
Só para fins estatísticos, já pedalei 930km. Amanhã, ultrapasso a marca dos primeiros 1.000km, provavelmente próximo a Paraná. Nessa cidade, há um túnel por baixo do majestoso Rio Paraná, que leva à cidade de Santa Fé. Já passei por lá de carro. Como será de bicicleta?
Por fim, obrigado a todos por tantas mensagens de incentivo, de encorajamento, de apoio. Isso ajuda a suportar a já grande saudade que estou sentindo de todos (da Mariloy e dos piás, então... por um "nada" meus olhos já se enchem d'água...)
Postei duas mensagens hoje. Pela ordem, esta é a segunda. A outra é "Paul Mcartney e eu...".
Bait'abraço a todos.

Paul Mcartney e eu disputando a mesma suíte!

Buenas pessoal!
Ontem não consegui postar (já saberão por quê). Por isso, postarei 2 vezes, hoje, para aproveitar a internet disponível.
Há tanto o que contar que não sei nem por onde começar!
Ontem (9/11) estava pernoitando num Hotel de posto de gasolina, quando acordei com o barulho de um verdadeiro dilúvio! Temporal daqueles!
As previsões estavam se confirmando: chuvarada até o final da manhã, e depois vento sudoeste de 40km/h.
Mas eu tinha que ir para sudoeste!!! Antevi problemas...
Como, porém, nunca devemos fugir do bicho sem ver a cor do pêlo, coloquei as capas de chuva dos alforjes e botei a bicicleta na estrada.
Precisava fazer 130km para chegar em Federal. Vocês não têm ideia, contudo, do que é tracionar uma bicicleta pesando 50kg, com este mamute em cima, contra um vento a 40km/h que chegava a desequilibrá-la... Para se ter uma noção, fiz 70km com média de 10km/h e depois empurrei a magrela por mais 2 horas (caminhei 10km). Resultado: venci apenas 80km e, exausto, procurei um lugar para pernoitar numa villa chamada Los Conquistadores (deve ter uns 500 habitantes). Uma família oferecia, por $ 25 pesos (R$ 11,00) um quarto. Só tem tu, vai tu mesmo! Tive que disputar com o Paul Mcartney a preferência (ele está fazendo show na Argentina), e levei, porque cheguei primeiro do que ele!
Estou com dificuldades de adicionar as fotos. Virão em outra oportunidade. Aí, vocês irão de impressionar com o luxo dos aposentos, eh, eh...
Não há padaria, não há restaurante, não há... bem, não há nada! Somente uma filial da empresa alegretense Arroz Pileco, que dá emprego para todos os moradores da vila.
Fui dormir com fome, porque só havia mariolas de banana nos alforjes.
Bait'abraço a todos.