terça-feira, 16 de novembro de 2010

Uma "palhinha" da Cordilheira

Buenas, pessoal!
Agora sim, há morros de verdade, eh, eh...
Estou em San Luís, capital da Província do mesmo nome, cidade de quase 200 mil habitantes que cresceu no pé de uma cadeia de montanhas muito bonitas.
É uma formação geológica deveras interessante. Do nada, surge essa "sierra", de altura considerável - já as divisava no horizonte a 40 km daqui -, e não tem árvores, afora um ou outro arbusto. Tudo é grama e pedra. Essa "sierra", segundo informou-me a recepcionista do Hotel, tem muitos donos, proprietários de chácaras, quintas e fazendas, nas quais se criam ovelhas e cabras (também, pudera, só animais assim para escalarem esses peraus!). É um tira-gosto da Cordilheira dos Andes, que deve surgir à minha vista a partir de quinta-feira.


Vinte quilômetros antes da cidade, na Rodovia, há um pórtico (ou será um monumento? Ou uma escultura? Sei lá! É isso aí que vocês estão vendo!), chamado "Júpiter". Boa parte da sua estrutura superior é de vidro colorido, e, ao fim da tarde, sob os raios do sol, gera um efeito visual bem bacana. Como estava na hora do descanso, aproveitei para "me fotografar" debaixo do... debaixo da... debaixo daquilo!



Agora, tenho que confessar: um dos maiores choques que tomei desde que ingressei na Argentina foi o gastronômico! É tudo diferente! Quando descobri que "pasta" era massa, por dias a fio só pedi "pasta" (ravioli, nhoque, macarrão). Na dúvida, preferia não arriscar.

Com o passar dos dias, constatei que a famosa "parrilla" argentina tem muitas variações: se pedir apenas"parrilla", vem uma "costilla" (costela) do tamanho de um pastelão, e, dependendo da boa-vontade do garçon, uma morcela assada ou um pedaço de linguiça (em torno de $ 20 pesos, ou R$ 8,00). Se, porém, pedir uma "parrilla" de vazio, bom, o tamanho é o mesmo, mas o preço pode subir para até $ 35 pesos (R$ 15,00). Todas carnes que se desmancham, de maciez incomparável.
E há também a "milanesa" (a nossa famosa "A la minuta"). A diferença é que não vem arroz, não vem feijão, e não vem ovo frito. Em lugar disso tudo, "papas" (batatas fritas) e... pão! Um fartão de pão! Aqui, se come pão até com "pasta", ou seja, depois de devorar a massa, "limpa-se" o prato com o pão. Não sei como o castelhano não é mais gordo.



E esse mostrengo aí embaixo é uma espécie de plantadeira, que transita pela Rodovia a 80 km/h! Se vocês repararem, está rebocando dois vagões, que são um tanque e uma casinha móvel. É um comboio que passa à toda, como se fosse um carro. Conversei com o motorista de uma dessas geringonças e ele me disse que estava parado na beira da estrada, esperando o dono da terra chegar para abrir a porteira. No ar-condicionado e ouvindo música no rádio do "veículo". Que tal!
E olhem a altura da máquina! Precisa-se de uma escada para subir na cabina!


A surpresa desagradável do dia foi mais um pneu furado. Me roncou nas tripas que o dia estava tranquilo demais: tempo bom, pouco calor, vento a favor, somente 100 km para pedalar de Villa Mercedes a San Luís, ai, ai, ai, ai, ai...
Batata! A 10 km do meu destino, a bicicleta começou a balançar sugestivamente. Nem me abalei: já fui parando, pegando os petrechos de troca e providenciando no conserto. Pelo menos fiz isso com uma paisagem deslumbrante ao fundo! O responsável pelo furo foi um caco de vidro. Realmente, esses pneus que eu botei para a viagem estão deixando muito a desejar: possuem pouca borracha, os cravos (garras) são muito juntos, o que permite que pedras, espinhos e cacos de vidro se alojem entre eles. Com o peso da bicicleta, basta uns poucos metros para que eles perfurem a borracha e consumam o crime. Já foram, agora, 10 trocas, um absurdo para uma viagem de apenas 1750 km até agora.
Amanhã, pretendo chegar em La Paz, na metade do caminho entre aqui (San Luís) e Mendoza.
O bom é que a chuva, pelo jeito, se foi (deve estar chegando no Rio Grande do Sul, rsrsrs).
Bait'abraço a todos!