Buenas pessoal!
Esta é a segunda postagem de hoje. Já postei outra momentos atrás, que trata da minha passagem, ontem, por La Paz (não havia Wi-Fi no Hotel).
É, quem diria que, 18 dias depois de partir de Montenegro, a 2.035 km de distância, hoje dormiria aos pés da Cordilheira dos Andes, na cidade de Mendoza, oeste argentino?
Pois é...
Cá estou eu, olhando da janela do quarto do Hotel o céu dos Andes, domínio do condor, onde os incas construíram Machu Pichu, onde as neves eternas desafiam pessoas, onde o Aconcágua reina soberano, com seus 6.969 metros de altitude, como o ponto mais alto das Américas...
Cá estou eu, sentindo-me um ninguém diante da majestosidade da Cordilheira, tentando entender como a natureza conseguiu edificar esse colosso...
Cá estou eu, pasmo e boquiaberto! Os Andes estão ali, a poucos quilômetros de distância!
Os Andes, que esperam por mim a partir de amanhã, e nos próximos 5 dias, para a mais fantástica travessia que já fiz na minha vida!
Cá estou eu, coração aos saltos, imaginando como será sair do seu sopé para chegar aos 3.800 metros de altitude, na Estátua do Cristo Redentor, divisa da Argentina com o Chile! De bicicleta!
Cá estou eu, realizando um sonho por anos acalentado!
Não é possível descrever a Cordilheira! A 110 km de distância (isso mesmo: cento e dez quilômetros!) já divisava no horizonte os picos gelados dos Andes!
Tirei uma sequência interminável de fotos! A cada 5 km, parava a bicicleta e registrava o que via! Inóquo, porque a câmara jamais teria condições de reproduzir o que meus olhos enxergavam!
O que me entristeceu foi que, à medida que me aproximava de Mendoza, a nebulosidade foi aumentando sistematicamente. O tempo armou-se para a chuva, e os grandes picos nevados sumiram-se atrás das nuvens... Cheguei a temer que fosse me molhar antes de localizar um Hotel. Mas, até agora, noite escura já, não caiu uma gota d'água.
Enquanto isso, vá pedal! E, assim, bati na casa dos 2.000 km percorridos, 35 km antes de chegar a Mendoza! Vale o registro.
Na entrada da cidade, uma saudação bem sugestiva, pelo menos para mim, que estou bastante suscetível a tudo que diga respeito à Cordilheira, eh, eh, eh...
Antes de ir dormir, vi que o tempo lentamente voltou a abrir, e corri para a rua para tentar tirar mais fotos da Cordilheira. Todavia, a quantidade de edificações, árvores, e a falta de um lugar mais alto, não permitiu boas tomadas.
Por já ter passado de carro por aqui há quase 4 anos atrás, sei que essa primeira cadeia de montanhas é também uma "sierra". Terei que entrar na Rodovia em direção a Uspallata para enxergar os primeiros monumentos de pedra, que me acompanharão, então, por mais de 300 km.
Ah, continuo fazendo amigos: estourou um raio da roda traseira da bicicleta, justamente do lado do cassete de pinhões, e preferi procurar uma oficina de bicicleta a ter que desmontar a roda no quarto do Hotel. Não só fui cair numa das maiores lojas de Mendoza, como o dono, Sérgio Ambrosi - que periodicamente faz a travessia dos Andes de bicicleta e me deu um monte de dicas - determinou ao seu funcionário que consertasse a roda, sem custo algum! Ainda me deu um chaveiro de recordação pela minha passagem por sua loja! É incrível como o ciclismo consegue aproximar pessoas!
Amanhã, Uspallta, 130 km "morro acima"! Me desejem sorte e perseverança!
Bait'abraço a todos!