quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O retorno para casa!

Buenas, pessoal!
Promessa é dívida!
Posto algumas fotos tiradas do avião da LAN, durante o sobrevoo da Cordilheira dos Andes, na nossa (minha e da Mariloy) viagem de retorno para casa, no último domingo (dia 28/11). Lamento que as imagens consigam demonstrar muito pouco de todo o esplendor que é aquela cadeia de montanhas vista de cima!
Logo na saída do Aeroporto de Santiago, o avião toma o sentido leste e vence a primeira serra, que nesta época do ano já está com o processo de degelo praticamente consumado. Por isso, demoramos um pouco para divisar os primeiros picos nevados.


Lentamente, contudo, eles vão se tornando mais frequentes, até dominarem por completo a paisagem! Neve, muita neve, transformando a Cordilheira num grande lençol branco estendido, debaixo do qual como que mãos erguidas conseguem desalinhá-lo, para dar-lhe esse aspecto "amarrotado" e "pontudo"!


Ao longe, soberanos, reinam o Aconcágua e o Tupungato, que, por seu tamanho colossal (ambos quase na casa dos 7.000m de altitude), destacam-se na paisagem. Neste domingo do retorno, o tempo muito claro e o sol radiante permitem aos passageiros vislumbrarem todo o esplendor de seus cumes, e muitas máquinas fotográficas são apontadas para os bonitões... Com o binóculo que levamos, então, com maior riqueza de detalhes podemos vê-los, analisá-los e admirá-los!


Nas proximidades da cidade de Mendoza, quase ao fim da travessia da Cordilheira dos Andes, outra bela cena: uma grande nebulosidade "estancada" no paredão de pedra e areia, impossibilitada de seguir seu rumo em princípio determinado pelo vento, porque nem esse consegue vencer o obstáculo que se interpõe em seu caminho!
Há milênios vento, água e montanhas tentam demarcar seu território naquela paisagem inóspita. Mas nunca chegarão a um acordo... Bom para nós, que, por causa dessa briga eterna, conseguimos visualizar as cicatrizes que esse confronto vai deixando nas encostas e caminhos...
E assim, lenta e serenamente, vamos deixando a Cordilheira dos Andes para trás...
Uma estranha sensação toma conta de mim nesse momento. Parece que cruzar assim, por cima das montanhas, voando, não desafia, não compromete, não afeta, não atinge.
É. De fato, percebi que havia me impregnado de uma doença muito comum nos Andes, chamada DESAFIE-ME, que tinha, por sintomas, fortes INQUIETAÇÕES, ANSIEDADES e EXPECTATIVA, para o quê tomei um remédio cujo princípio ativo é o ENFRENTAMENTO, através de um longo tratamento de TRAVESSIA, que provocou minha cura através da CONQUISTA!
Estou curado. Mas... pelo que fiquei sabendo, essa doença volta com relativa frequência, apresentando sintomas, diagnóstico e tratamento bem parecidos com os de cima. E parece que o vírus que anda solto pelo ar já foi apelidado de "VOLTA DO URUGUAI", devendo me contaminar, pelas previsões, lá por fevereiro de 2014.
Alguém ficará doente também? E quererá fazer o tratamento comigo?
Obrigado a todos! Nem sei como retribuir tanta generosidade de vocês em me acompanharem nesse desafio, durante esses trinta dias.
Pelos comentários, pelo incentivo, pelas palavras amistosas e cordiais, só posso agradecer, lisonjeado.
Pela caravana de recepção que tivemos, a 20 km de Montenegro (no Posto PoloSul), com a presença de familiares e amigos, muitos balões, fotos, emoção e alegria! Uma linda homenagem da qual não me sinto merecedor, mas que deixou-me honrado e orgulhoso!
E assim como já estou sentindo saudade do barulho dos pneus da bicicleta sobre o asfalto, já estou sentindo saudade da "companhia" de vocês.
Espero que possamos um dia nos reencontrar para, juntos, vivermos outra viagem sobre duas rodas. E olhem que "não é de motocicleta, não! É de bicicleta mesmo" (afinal, não foi com esta frase que iniciei as postagens no Blog, no dia 14 de outubro de 2010?).
Um grande, um enorme, um cinchado, um bait'abraço a todos!
Paulo Renato Petry, cicloturista.